quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Confusão de sentimentos 2


Parece irônico que a vida mude tão rapidamente. Ontem mesmo eu estava feliz, apesar de ter um relacionamento meio torto, senti que realmente estava bem e perfeitamente adaptada à realidade possível de ser vivida. Mas de uma hora para outra, tudo mudou.

E o pior é que não sei o que mudou. É estranho, mas o período diurno é difícil pra mim. Não me sinto bem, o dia se arrasta sem que eu faça nada de útil e quando converso com ele à tarde não é a mesma coisa. Não sei precisar há quanto tempo comecei a funcionar melhor à noite, mas só depois das 18h começo a me animar, estudo e consigo produzir. Não é à toa que optei por trabalhar à noite. E é à noite também que bate a saudade e que sinto necessidade de conversar com ele. Mas à tarde, não é assim.

Alan tem dois empregos e às vezes consegue usar a internet no trabalho. Ele tem me avisado um dia antes que estará on line por volta das 15h e, seu eu estiver em casa, fico on line também. Ele não muda seu comportamento, continua falando as mesmas bobagens e às vezes até algo de útil, ele continua carinhoso igualzinho ele é á noite. Mas eu, sei lá, não sei o que sinto quando converso com ele à tarde. Depois que a conversa termina, fico me culpando por não ter sido carinhosa. Da última vez que isso aconteceu, mandei um email todo fofinho para compensar minha indiferença. Dessa vez, pensei em fazer o mesmo, mas não fiz. E o pior que tudo isso é coisa da minha cabeça, ele nem deve mais estar lembrando disso, para ele, foi uma conversa como as aoutras.

Fiquei pensando: será que o amo mesmo? será que só estou nessa por orgulho e desejo de disputá-lo com a esposa? o que de fato eu sinto por ele? Quando o vejo, não tenho dúvidas de que o amo muito, basta olhar pro rostinho dele e já fico toda derretida. Mas quando estou longe, não sei mais. Talvez meu sentimento seja vício e não amor. Ou talvez as duas coisas.

Na tentativa de colocar meus sentimentos em ordem, pensei em ficar ausente da internet por uns dias, até ter minha consulta sábado com a psicóloga (sim, eu faço terapia). Mas não sei se vou conseguir. Sempre fica aquela necessidade de dizer a ele alguma coisa. Quando não queremos mais alguma coisa, basta tomarmos a atitude. Se não queremos mais falar com a pessoa via MSN, basta não falar e pronto. Mas meu cérebro doentio tem a necessidade de dizer: "olha só, a partir de hoje não falaremos mais no MSN." Atitude ridícula, pois entrar no MSN pra dizer que não se pretende mais falar no MSN já denuncia que nossa intenção não é verdadeira. Ao dizer isso a alguém, estamos esperando que a pessoa negocie e nos faça desistir da decisão. Meu amigo passou por uma situação semelhante quando sua ficante ligou pra dizer que eles não podiam mais falar ao telefone. Oras, eu uso o telefone pra dizer a alguém que não podemos mais falar ao telefone ... Não seria mais lógico simplesmente não ligar mais? É óbvio que essa menina voltou a ligar pra ele. Sua decisão não era verdadeira.

Tudo isso me faz lembrar a passagem de um livro, que diz: "Já que me faz mal, nunca mais hei de fumar, mas antes disso quero fazê-lo pela última vez." (Italo Svevo. A consciência de Zeno, p. 12) Zeno não quer realmente se livrar do cigarro, pois se quisesse simplesmente jogava o maço fora e pronto, mesmo que no dia seguinte ele não suportasse a abstinência e comprasse outro. Mas, para se livrar do vício, ele sente que precisa exprimentá-lo ainda uma vez - e logicamente, nunca é a última vez. Essa atitude do personagem-narrador é muito semelhante à minha: não quero mais falar com ele pela internet, mas entro na internet "pela última vez"; mão quero mais encontrá-lo, mas preciso ir ao encontro, nem que seja para dizer isso ... e assim, o relacionamento já se arrasta por dois anos, já terminamos umas 3.567.892 vezes, mas se hoje decidimos que vamos nos afastar, amanhã já estamos conversando novamente. E assim, nunca sou levada a sério, cada vez que digo que vou me afastar ele diz: "vamos ver por quanto tempo". Minhas palavras não tem mais credibilidade.

Chegou a hora da atitude. Simplesmente não entrar mais no MSN e pronto. Sumir, nem que seja por uns 3, 4 dias (sim, temos que estabelecer metas possíveis de serem cumpridas, nada de sumir pra sempre, pois é impossível nesse momento). Mas o fato é que preciso agir sem dar maiores explicações. Será que vou conseguir? Ou melhor, será que realmente estou dispota a tentar?

3 comentários:

  1. Mais uma vez nossas reflexões passam pelo mesmo cruzamento. Já passei várias e várias vezes por essa pergunta "Será que eu amo mesmo ele?Ou será que tô só 'obsecada' e viciada pq ele foi o primeiro que amei de verdade?"
    O resultado parcial geralmente ficar por: 30%-Obsessão 70%-Amor

    Mas resolvi tentar relevar isso, enquanto a solução não está ao meu alcance, o melhor que faço é não pensar em nada que leve à ele.

    Não deposito fichas em "últimas vezes", "nunca mais" e "pra sempre" há um bom tempo. E nisso ele me fez um bem, me acordar pra uma realidade que está longe de ser o que queremos.

    Normalmente é a credibilidade dele de se afastar que fica comprometida, sou orgulhosa demais pra ir atrás dele quando (acho que)estou certa.

    Depois também de 32.434.231 vezes que decidimos nos afastar, essa tá meio que 'sendo pra valer'. Ainda foi um choque pra mim quando, há uns 2 meses atrás, ficamos mais de 2 semanas sem nenhum contato(pq por mais que nos afastássemos, rolava pelo menos algumas msgs pra saber que o outro estava vivo). Meses sem nos falarmos por áudio, semanas sem contato nenhum...ainda dói pensar nisso, mas pelo menos, se não for pra ser...esse afastamento parece que está funcionando.

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  2. Bruna, eu a parabenizo pela força de vontade que vc teve em se libertar do seu "vício", muit embora o sentimento permaneça, vc foi muito prudente ao considerar que, se não for pra ser, que o afastamento continue. Eu ainda não cheguei nesse estágio, mas torço muito por vc.

    Tentei comentar no seu flog, mas só os usuários podem fazê-lo. Gostei muito do post onde vc diz, em outras palavras, que só amor sem atitudes não basta.

    Mil beijos

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  3. Li vc por acaso,procurei o que queria,acertei no q.eu não via. abriu meus olhos, brigada! Sobre sentimentos verdadeiros sei se sei não, mas sinto.Boa sorte pra mim e pra tu tb.

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